..:: Abade R. Fatia ::..

e tantas vezes aqui deitado a olhar para o tecto, à espera. Sempre à espera... oiço passados, faço planos envenenado em pensamento, vejo luzes, como árvores, penso em ti, sinto-me alguém na minha cama. A mente é um lugar aleatório

terça-feira, maio 29, 2007

A Última Estrofe

Por aqui tenho fluído
na falta desse sorriso
trejeito dividido
que disparas sem aviso.

Por aqui tenho fluído
Óscar solto, viajante
cárcere evadido do sorriso
teu, severo e errante.

Por aqui tenho fluído
porco narso visceral
testemunho excluído
do teu beijo judicial.

Por aqui tenho fluído
vendendo agoiros a quem
passa vermelho entardecido
em teus lábios que se põem.

Por aqui tenho fluído,
hóspede falso da capital
turista só e furtivo
de um sorriso teu oriental.

Por aqui tenho fluído
presa da febre que devaneia
sou um frágil pavio acendido
e tu fogo fátuo que o ateia.

Ensaios sobre a última estrofe.
Baseados num poema do Hugo Daniel

terça-feira, maio 08, 2007

Outono

São três da tarde em Outono.
As férias tornaram-se pequenas e
Os pássaros migraram todos
À procura de sossego nas flores
E nas abelhas doces do Sul.

Passeio-me pela capital abandonada,
Onde hoje há feira de feriados.
O balcão de domingo exibe a sua promoção:
Uma folga e rede de descanso para dois
Na compra de um calendário de mel.

sexta-feira, maio 04, 2007

Beijo

É que quando aderes ao lado de lá
A espuma emulsiona desta cárdia em vidro.
E o vidro fosco não dá para ti
Que lutas com ventosas negras.

Ventosa um: shluuup!
Ventosa dois: shluuup!

Sobe, sobe, alpinista.
Corre para cima.
Sobe e tropeça alpinista.
Morre para baixo.
Cai, cai, alpinista.

A cabeça decepada ricocheteia pela escarpa
Em trajectórias côncavas
E diagonais agudas
pluff... HHHHH... pÓnn!
pác! pac! HHHHHH... p! ppr. pr.
TRRRECC! crsh...
plung... pling... ling
jhhhnnng... zznnng... znn...

São ventosas robustas que nos prendem.