às meninas e pedintes
Frascos sentimentais do quotidiano.
Que guardam a dor de ser durante o dia
e a entornam pela a noite
quando todos dormem.
Na esperança de que um dia
alguém acuse a insónia e venha,
de olhos incompletos,
beber-vos.
Todas as noites de calma eterna
têm aquele momento de convulsão
que faz explodir mais um dia,
Enquanto os outros dormem.
Há todo um universo que se antecipa
e eu não estou cá.
Todos dormem.
Estas arcaicas ruas por que passo
escrevem-se em poucas palavras.
E em tão poucas se fecham
quando alguém algum dia desiste
e se entorna ao acaso
no chão que ninguém bebe
em noite de insónia.