Biblioteca em Chamas
Hoje de tarde, antes de me pôr a estudar na biblioteca local, olhei em volta e reparei nuns calhamaços que ocupavam um movel inteiro. Deviam ser uns trinta ou quarenta volumes de uma enciclopédia qualquer dos anos 80. Enciclopédia Portuguesa e Brasileira ou lá o que era, muito mal tratada. Só me apeteceu queimar aquilo.
Enciclopédias para mim são merda. Se quero saber alguma coisa dirijo-me a um livro da especialidade. Não me interessa ler duas ou três definições sobre o ornitorrinco da Beira Alta. Ou sou um zoólogo que se quer especializar em ornitorrincos - e nesse caso as alusões rasas e desprovidas de teor concreto que vêm na enciclopédia não me trazem nada de novo – ou me estou pura e simplesmente a cagar para os ornitorrincos, que é o caso.
Lembrei-me de um episódio na história em que o Hitler mandou queimar milhares de livros e detive-me ali uns bons minutos a imaginar o bom que seria pegar fogo àquela merda toda, ouvindo uma cantilena mais ou menos assim:
“(...)onde se possam queimar livros em chamas infinitas que trarão calor e magia às noites frias.
Queimem as neo-filosofias e neo-ideias ainda no seu estado fetal! Às neo-concepções de vida e pensamento cortem-lhes os troncos assim que despontem!
Transformem o que seriam caminhos evolutivos e movimentos artísticos num espetáculo ainda maior: O FOGO!
Ilumimenm a aldeia! Sequem a roupa! Aqueçam as mãos e os pés com as páginas de um diário dilacerante!
Traduzam em labaredas poéticas o pensar anónimo!
Sejam os clássicos de amanhã o teatro pirotécnico de hoje! (...)”
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