Myiu - chapter IV
- Mãe!
(silêncio)
- Mãe, tens alfinetes?
(silêncio)
- Mãe...
(silêncio)
...
- Diz filho! – ouve-se uma voz longínqua.
Myiu dirige-se à sala, onde a mãe está a passar a ferro.
A mãe de Myiu veste um avental rosa gasto, com a bainha a desfazer-se em alguns sítios.
Um avental de dona de casa. Prendera o cabelo com um elástico pequeno e coçado, para não atrapalhar a faxina.
A mãe de Myiu é simpática e suave.
Myiu vê-a engomar uma pequena t-shirt encarnada, com as suas iniciais estampadas, e o desenho de um pardal nas costas.
Lá atrás, roda, sem som, um filme solitário na televisão de pequenas dimensões.
- Mãe...tens alfinetes?
- Diz filhote!
- Tens alfinetes?
- Ai! Alfinetes!? Para quê? Não sei onde andam...
(pausa)
- Precisava de um alfinete.
- Para quê filho? Procura ali na caixa de costura.
Myiu detem-se um instante.
- Olha, passa aqui por trás da mãe, anda. Passa por aqui e vê ali ao fundo se está a caixa.
Do outro lado, Myiu procura pela caixa...
- Encontrei.
Retirou um alfinete da mini-caixa azul e rectangular, onde a mãe os guardava. Fechou-a, colocou-a onde estava e voltou para o quarto.
Sentou-se na cama, abriu um saco de compras de onde retirou um pacote de batatas fritas.
Fez-lhe um pequeno furo com o alfinete, perto do rebordo.
Gradualmente fez sair uma boa quantidade de ar de dentro do pacote. À medida que o fazia, cheirava o aroma das batatas, e salivava ao mesmo tempo.
Fez um esforço por não o abrir e devorar algumas.
Por fim guardou o pacote, agora com 2/3 do volume inicial, dentro da sua mochila, e correu o fexo ecláir.
1 Comments:
At 10:28 da tarde,
Anónimo said…
podias comprar um pacote de batatas fritas para mim, e eu dava-te as minhas pipocas.
Enviar um comentário
<< Home