Myiu - chapter III
Apeou-se com dois sacos de super-mercado cheios de alface, cenouras e alho francês, e uma mala grande que a acompanhava para todo o lado, onde guardava cuidadosamente a roupa que escolhera para o seu funeral.
Ao som do apito, voltou-se para o combóio, e encarou Myiu pela última vez. Este acenava sorridente por trás da janela.
As lágrimas varreram-lhe o rosto até ao queixo, de onde se desprendiam e se lançavam numa queda desenfriada até ao chão.
Myiu sorria muito do outro lado...
Ao ritmo lento da marcha do combóio, mais lágrimas jorraram dos pequenos olhos da velhota, enquanto Myiu partia, e com ele um sorriso.
Myiu não parou de sorrir até deixar de se ver...
Já o combóio dobrava a curva lá ao fundo, virou as costas à linha, pegou nos sacos e foi para casa. A sua casa ficava a cerca de 1,5 Km dali, e não valia a pena pagar um taxi.
Caminhou longos minutos debaixo do sol escaldante das três da tarde. Caminhou só.
Os sacos pesavam-lhe cada vez mais nos braços e andava devagar.
A última lágrima secava rapidamente na sua face e deu lugar a uma gota de suor que deslizou até ao queixo e se desprendeu, lançando-se numa queda desenfriada até ao chão.
3 Comments:
At 2:33 da manhã,
Anónimo said…
andar sempre com a roupa que se escolheu para o funeral não está mal pensado.
aprendo coisas contigo.
mas pores uma velhota a andar 1,5km debaixo do sol escaldante das 3 da tarde nao me parece nada bonito.
beijos*
At 2:43 da manhã,
R Marcial P said…
a velha é o meu sacrifício para os deuses!
tem de ser :\
At 2:47 da tarde,
Anónimo said…
eu gostei duma parte em que havia batatas fritas :/
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