..:: Abade R. Fatia ::..

e tantas vezes aqui deitado a olhar para o tecto, à espera. Sempre à espera... oiço passados, faço planos envenenado em pensamento, vejo luzes, como árvores, penso em ti, sinto-me alguém na minha cama. A mente é um lugar aleatório

terça-feira, fevereiro 14, 2006

vantagem de ser como eu


Este blog assusta-me.
Há dias em que me preparo para verter as últimas gotas acumuladas. Medito dez a doze minutos, mastigo umas sílabas, dou uns pulinhos para aquecer e lá vou eu.
Mas assim que dou com este fundo branco onde se escreve, afloram os pensamentos de inerteza quântica, e já só tenho vontade de não fazer sentido nenhum.
Depois caio no mais fácil: ponho um qualquer hit em loop com som elevado para não ter de ouvir mais a entidade racional e desato a debitar ideias soltas numa amálgama de frases e letras aleatórias.
Termino quando me apetece. Tento apenas acabar, ou com um inesperado choque electrizante, ou com algo que "rime" com o que disse acima, dando a ilusão de que afinal tudo estava pensado e intimanente ligado. Tcharannn!
É isto a arte de fingir. Ou pensando melhor, de artístico tem muito pouco, mas o fingir está lá... "O poeta é um fingidor" mas o recíproco raramente se verifica.
Porém algo me guia no meio de tudo isto. O medo de sofismos fáceis é um dos moderadores e, actualmente, leva-me a achar este, mais um texto pretensioso.
Assim urge uma vontade de baloiçar.
O receio de cair no ridiculo do racionalismo exagerado, leva-me a complicar a escrita com o intuito de me auto-confundir (e nao a quem lê, embora uma coisa leve à outra) e desta forma aliviar a tensão recém estabelecida. Este complicar, que pouco tem de complicado, surge sob a forma de ideias soltas, carimbadas rapidamente umas atrás das outras, não dando tempo sequer de serem assimiladas nem por mim, nem por ninguém!
Daí a ideia de baloiçar.
Há, no entando uma ou outra palvra importante no meio de tudo isto. São estas palavras que vão marcar características no desenho e, no fundo, toda a contenda. Sem essas palabras, a coisa perdia a sua identidade. Não se trata, porém, de palavras exóticas soltas! São conjuntos de três ou quatro palavrinhas mágicamente interligadas numa ideia invulgar e inesperada. E é com elas que fazemos o retrato mental do texto. É na sua ideia subjacente que pensamos quando falamos sobre o acontecimento. E noto que raramente se tratam das palavrinhas do título...
A falta de ideias normalmente precipita uma história para o seu final.
E há uns mais desajeitados que outros.