..:: Abade R. Fatia ::..

e tantas vezes aqui deitado a olhar para o tecto, à espera. Sempre à espera... oiço passados, faço planos envenenado em pensamento, vejo luzes, como árvores, penso em ti, sinto-me alguém na minha cama. A mente é um lugar aleatório

sábado, janeiro 06, 2007

Rua da Alfazema I

Contextualização cénica

- Venho interromper alguma coisa? - pergunta o velho abade ao entrar no salão decorado com blusas gigantes de seda oriental e málmequeres violetas de estufa.

- Não interrompe nada, senhor Gilbert. Gustav e eu estavamos só a namoriscar um bocadinho; o jantar ainda demora... - retribui a jóvem Esther com um ginchinho estridente.

- Heh... coisas da juventude não é assim? Venho só buscar os meus chinelos de linho que aqui deixei ontém à mercê da lareira. Ruge um frio de outras eras. Oooh! – remata o ancião no meio de um sorriso creme pescado na costa sul da Nova Zelândia, abandonando o salão descalço.

- Assaz periclitante. – comenta Gustav antes de beber um vigoroso trago de gin.

Na cozinha, Oddet despachava os tachos e as panelas em três ápices enquanto ia bebericando, às escondidas, um resto do whisky velho do seu patrão. Os oito bicos do fogão de esmalte temperado dinamarquês, alimentavam oito reacções químicas endotérmicas e irreversíveis que libertavam aromas de carne e mel com floreados de amêndoa, louro e jasmim.

Eça de Vian